ATA DA VIGÉSIMA QUINTA SESSÃO SOLENE DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 27. 08. 1987.
Aos vinte e
sete dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se,
na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto
Alegre, em sua Vigésima Quinta Sessão Solene da Quinta Sessão Legislativa
Ordinária da Nona Legislatura, destinada à outorga do título honorífico de
Cidadão Emérito ao Sr. Ary Zenobini Rêgo, concedido através do Projeto de
Resolução nº 34/86 (proc. nº 2541/86). Às dezesseis horas e vinte e cinco
minutos, constatada a existência de “quorum”, a Srª. Presidente declarou
abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário
as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver.ª Teresinha
Irigaray, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os
trabalhos da presente Sessão; Ver. André Cecil Forster, Superintendente da
Metroplan, representando neste Ato o Sr. Governador do Estado, Dr. Pedro Simon;
Dr. Lupicínio Rodrigues Filho, Diretor-Administrativo da Epatur, representando
o Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, Dr. Alceu Collares; Dr. Henrique
Balzando Martins, Presidente do Lions Clube de Porto Alegre, Passo da Areia;
Dr. Hélio de Souza Santos, Ex-Governador do Lions Clube e Diretor do IPE; Sr.
Ary Zenobini Rêgo, Homenageado; Profª. Daisy Araújo Rêgo, esposa do
Homenageado; Ver. Hermes Dutra, proponente da Sessão e, na ocasião, Secretário
“ad hoc”. A seguir, a Srª. Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que
falariam em nome da Casa. O Ver. Hermes Dutra, em nome das Bancadas do PDS,
PFL, PSB e do PL, disse de sua honra por participar da presente homenagem, em
face do trabalho do Sr. Ary Zenobini Rêgo em prol do rádio gaúcho, comentando a
importância deste meio de comunicação para a vida nacional. Falou do
significado do Programa “Clube do Guri”, de autoria do homenageado, que lançou
a cantora Elis Regina, declarando que a galeria dos Cidadãos Eméritos de Porto
Alegre se engrandece com a entrega do presente título. O Ver. Jaques Machado,
em nome da Bancada do PDT declarou encontrar-se a Cidade de Porto Alegre
orgulhosa por poder contar com o nome do homenageado na galeria de seus homens
ilustres, discorrendo acerca dos relevantes serviços prestados por S.Sa. à
comunidade gaúcha. E o Ver. Lauro Hagemann, em nome das Bancadas do PCB e do
PMDB, falou do relacionamento profissional e de amizade que o une ao Sr. Ary
Zenobini Rêgo, dizendo que ambos foram partícipes da época áurea e ao mesmo
tempo heróica do rádio gaúcho. Salientando a necessidade de que esta Casa
preste homenagem àqueles que trabalharam em nome da comunidade porto-alegrense,
declarou da justeza do título hoje concedido. Após, a Sr.ª Presidente convidou
o Plenário a, de pé, assistir à entrega, pelo Ver. Hermes Dutra, do título
honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Ary Zenobini Rêgo. Em prosseguimento, a
Sr.ª Presidente concedeu a palavra ao homenageado, que agradeceu o título
recebido. A seguir, a Srª. Presidente leu correspondência recebida pela Casa
referente a presente Sessão, fez pronunciamento relativo ao evento, convidou as
autoridades e personalidades presentes a passarem à Sala da Presidência,
convocou os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora
regimental, e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos às dezessete
horas e quinze minutos. Os trabalhos foram presididos pela Ver.ª Teresinha
Irigaray e secretariados pelo Ver. Hermes Dutra, Secretário “ad hoc”. Do que
eu, Hermes Dutra, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata
que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª
Secretária.
A SRA. PRESIDENTE: Estão iniciados os
trabalhos da presente Sessão Solene. Falarão, em nome da Casa, os Vereadores
Hermes Dutra, Jaques Machado e Lauro Hagemann.
Registramos, ainda, a presença dos Vereadores Rafael Santos, Raul Casa
e Ennio Terra.
Concedemos a palavra ao Ver. Hermes Dutra, proponente desta Sessão
Solene, que falará em nome das Bancadas do PDS, PFL, PSB e PL.
O SR. HERMES DUTRA: (Menciona os componentes da
Mesa.) Meus companheiros de Lions, Srs. Vereadores, minhas senhoras e meus
senhores.
Com muita honra eu uso da palavra em nome do meu Partido, Partido
Democrático Social, e por incumbência muito honrosa das Bancadas do Partido da
Frente Liberal, do Partido Socialista Brasileiro e do Partido Liberal.
Foi com muita tristeza que, há alguns dias atrás, conversava com uma
dama do Rádio, a Rochelle Hudson, e ouvia dela uma expressão muito triste. Ela
dizia que o Rádio não tem memória. É uma expressão incongruente, é uma
expressão contrária, mas é uma triste e dura realidade, o Rádio não tem
memória. E esta Cidade, também, corre o risco de passar por cima da sua
memória, se os seus representantes, nesta Casa, não corrigem estes erros, não
tratarem de legar para a posterioridade a imagem daqueles que poderão ser
lembrados pelos filhos, pelos netos, pelos bisnetos. Se não for feito isto,
eles, fatalmente, cairão no esquecimento.
Para os grandes homens desta República, desde os tempos do
descobrimento até hoje, há espaço nas avenidas, nas grandes avenidas, nas
grandes obras e lembraças a todo momento nos meios de comunicação. Mas, com
relação àqueles homens que viveram a sua família, a sua comunidade, a sua profissão,
estes a Cidade corre o risco de também perdê-los na sua memória. Não tivesse
eu, meu prezado Ary Rego, um monte de motivos para propor esta homenagem e que
esta Casa, por unanimidade aceitou, eu o faria por este motivo: para ajudar a
preservar a memória da cidade, memória da qual tu fazes parte, como
representante de uma época em que o rádio era feito com 99% de dose de heroísmo
e com 1% de dose de técnica. Ao contrário dos dias de hoje, quando é muito
fácil se colocar efeitos gerados por computadores, a deslumbrar audiência e
ouvintes, platéias de auditório. Hoje é fácil fazer rádio. Difícil era fazer
como lembrava o Diário do Sul numa reportagem que fez como o nosso homenageado
e com o nosso ilustre Ver. Hauro Hagemann, também homem de rádio e a sempre
lembrada Ester Castro, o difícil era ter que ver o contra-regras ter que se
deitar em pedregulhos para simular um barulho para bem levar o capítulo de uma
novela. E era este o rádio que Ary fazia. Mas se era um rádio difícil não era
menos produtivo. Desta época temos hoje homens que deixaram um legado aos meios
de comunicação de uma forma geral, ao rádio em particular e à sociedade, com o
surgimento de muitos que, certamente, não fosse o trabalho, hoje quase anônimo,
desses como Ary Rego, não teriam tido a projeção que tiveram. Exemplo típico
disto é a nossa hoje falecida. Elis Regina, que foi lançada no programa do Ary
e que alí entrou, não como cantora, ajudava em outras tarefas. Mas lançada por
Ary Rego, na Hora do Guri, alçou um vôo nunca imaginado, talvez nem pelo Ary,
ao ponto de transformar-se, quando cantava no Olimpya de Paris, na grande dama
da música popular brasileira. Acho que ela está entre nós e certamente feliz
por ver que está sendo reconhecido o teu esforço. Mas foram tantos os daquela época
que corre-se o risco de eu citá-lo e cometer injustiças, mas me valho da mesma
entrevista para lembrar alguns deles como Ester Castro, Linha Gay, Aida
Teresinha, Pinguinho, cidadão de Porto Alegre, proposta se não me engano, pelo
ilustre Ver. Lauro Hagemann, Valter D’Ávila, Ernani Behs, Paulo Ricardo, e
outros tantos que, ao longo da vivência deste meio de comunicação tão
formidável que é o rádio, deixaram uma trajetória de lutas e de sucesso, mas o
rádio, por não ter memória, tende a esquecer.
Quem se lembra hoje do Pinguinho? Talvez discando o 137, do tele-piada
da CRT, os nossos filhos achem graça, mas não sabem que naquela voz um pouco
rouca esteja, quem sabe a dor de ver um esquecimento de uma época áurea do
nosso rádio.
Mas eu teria outros motivos, Ari, para propor esta homenagem e repito
que esta Casa por unanimidade aceitou. Ao homem lutador do nosso, o Lions Club
do Passo D’Areia, ao homem que se dedica, que dá um pouco do seu tempo para
beneficiar aqueles que não têm tudo o que precisam e que necessitam, porque há
tantos neste País que têm muito, mas que nada dedicam para os que nada têm e há
outros tantos Ari, que não tendo muito, abrem mão um pouco desse não muito que
têm para minorar o sofrimento dos outros. Tu és um deles. E esta homenagem também
é expressa para essa atuação no Lions Clube.
Esta Casa tem-se caracterizado na tentativa de recuperar a memória da
Cidade, não por proposta deste Vereador, sou apenas um dos 33 que aqui estão,
mas há uma voz comum, dentre nós, de que se deve homenagear o homem de projeção
nacional, o grande artista, como esta Casa fez com Maria Della Costa, com igual
forma e com igual prazer, temos que homenagear Ary Rêgo. Se nós temos que
homenagear um grande empresário, pela atuação que tem à frente de um empreendimento,
nós não podemos esquecer o homem simples, empregado, mas dentro da sua
atividade faz pela sua comunidade. E neste espírito, sem nenhuma voz
discordante, a Casa te outorga o título de Cidadão Emérito. Não é muito. Mas é
- quem sabe? - , o início de uma tomada de consciência para que a memória do
rádio, incluída na memória da Cidade, seja menos ingrata com aqueles que lhe
possibilitaram viver estes dias áureos hoje.
Nossas homenagens, Ary, a ti, a tua esposa, aos teus filhos, a teus
netos, e tenho a certeza de que a galeria dos Cidadãos Eméritos desta Cidade se
engrandece com a tua entrada nela. És mais um Cidadão Emérito de Porto Alegre,
mas se tens motivo para te orgulhar deste título, motivo mais tem a Cidade por
te poder ter como Cidadão Emérito. Satisfação maior temos nós, Vereadores, por
podermos dizer que nós votamos a concessão do Título de Cidadão Emérito a um
homem que merece, a um homem que é um bom pai, um bom companheiro e que foi um
bom profissional e que maior legado que deixou foi o seu exemplo. Esse exemplo,
Ary, tenha a certeza, é coisa que a gente tem que guardar no fundo da alma, no
fundo do coração.
Nossos parabéns e que este Título represente, sobretudo, como disse, o
reconhecimento da Cidade de Porto Alegre, para a preservação da sua história,
da sua memória de todos que indistintamente prestaram de uma forma ou de outra
a sua colaboração para que ela crescesse e se tornasse a grande Metrópole que
é. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao
Ver. Jaques Machado, que falará em nome da Bancada do PDT ao nosso homenageado
Ary Rêgo.
O SR. JAQUES MACHADO: (Menciona os componentes da
Mesa.) Meu companheiro e amigo Ary Rêgo, digo que corro um risco neste momento
até de ser punido pela Casa, pois não estou vestido regimentalmente, porque
somos obrigados em Sessões Solenes, como em todas as Sessões, no uso da gravata
e do paletó, e eu, até por compromissos assumidos anteriormente, não viria a
esta Casa porque é dia de meu plantão no Hospital Santo Antônio, da criança
pobre, no 4º Distrito da Zona Norte de Porto Alegre. Mas às 13 horas recebia
uma informação de meu gabinete de que tinha delegações das entidades sociais e
filantrópicas e beneficiente da Zona Norte de Porto Alegre, recebia da Aço-Norte
que pedia que falasse em nome da Associação dos Empresários da Zona Norte de
Porto Alegre. Recebia da Sogipa em nome de José Ledur, o nosso Presidente, o
pedido para que eu usasse a palavra em nome da Sogipa, nesta homenagem. Da
sociedade Gonddleiros, do Presidente Luiz Braz. Recebi também da Associação dos
Amigos do 4º Distrito, dos Chocolates Neugebauer, da Direção Administrativa,
“diga para o Jacão dizer para o Ary que é uma lembrança do nosso chocolate em
pó, o chocolate, Guri, do Negebauer.” Eu recebi também a delegação do Lindóia
Tênis Club, do nosso amigo, companheiro, de grandes jornada, Sérgio Camis e
também do Conselho Deliberativo do Lindóia Tênis Clube, representando aqui
neste ato pelo amigo Deloci João Pereira. Comercial do Sarandi, do nosso amigo
Amorim. E do Rotary Club Passo D´Areia dizer, Ary Rego que falar neste momento
representando esta instância de amigos e ainda com palavras brilhantes que
foram proferidas aqui pelo proponente da Sessão Ver. Hermes Dutra, dizer que
hoje Porto Alegre está em festa. Está em festa porque recebe mais uma estrela
na sua coroa, porque Ary Rêgo, quem não se lembra de Ary Rêgo? O Hermes Dutra
citou num programa de Rádio, mas o Hermes Dutra é mais velho já no ginásio, eu
no jardim de infância, não conseguia, em parte me lembrar de tantas passagens
do Ary Rêgo. Mas vejo o Ary Rêgo morando na nossa Zona Norte, no Bairro
Lindóia, diáriamente passava pela Real Imóveis, e ali estava o Ary Rêgo, eu, na
condição de Presidente do império da Zona Norte, também, tive como um dos
primeiros associados o Ary Rego. No ano passado, enquanto a União da Vila do
IAPI prestava uma homenagem ao nosso carnaval, como frisou Hermes Dutra, era um
círculo, e quem estava inserido no tema, também, era o Ary Rêgo.
Então, é um dia de grande glória. A Zona Norte sente-se honrada, Ary,
em ter uma personagem como tu, pelo teu trabalho, pelos relevantes serviços que
tu prestaste a nossa Cidade.
Então, neste dia a palavra foi do Ver. Hermes Dutra, porque ele foi o
proponente. É um grande companheiro, e fez muito bem a colocação sobre o
currículo do Ary Rêgo.
Neste dia que a Cidade está em festa, mais uma vez os meus cumprimentos
e que prossiga por esta senda de conquistar amigos, cada vez mais. Muitas
felicidades. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Lauro
Hagemann, que falará em nome do PCB e do PMDB.
O SR. LAURO HAGEMANN: (Menciona os componentes da
Mesa.) Srs. Vereadores, Srs. familiares do Ary, senhoras e senhores.
Não sei se me será fácil ou difícil traduzir o que me revolve a memória
nesta homenagem ao Ary Rêgo. Nosso relacionamento data de mais de 37 anos,
quando eu, ainda jovem, compareci pela primeira vez aos estúdios da Rádio
Farroupilha, para me submeter a um concurso público de locutor de um programa
de reconhecida importância em todo o Brasil, especialmente, no sul, e lá
encontrei Ary Rêgo na direção, como assistente. O Ary como tantos outros
radialistas, provinha de uma região celeira do Rádio rio-grandense, a zona sul
do Estado. O rádio porto-alegrense naquele tempo era composto de apenas três
emissoras. Pela ordem: a Gaúcha, a Difusora e a Farroupilha. E tinha entre seus
profissionais muitos artistas, locutores, produtores que provinham de Rio
Grande e Pelotas, como veio Ary Rêgo.
Nosso relacionamento profissional se prolongou por duas décadas. Fomos
partícipes da época heróica e áurea do rádio rio-grandense. Cada um
desempenhando suas tarefas específicas. E muito bem andou o Ver. Hermes Dutra
ao propor esta homenagem, porque ela significa, afinal, o reconhecimento de
Porto Alegre a tantos nomes que correm o risco de daqui a pouco serem
esquecidos nomes ilustres que penetraram diariamente nos lares, não só dos
porto-alegresenses, mas de todos rio-grandenses, e deles se fizeram merecedores
do maior crédito, porque era um período em que o rádio desempenhava um papel
muito importante na sociedade. Não que não tenha o dever de continuar
desempenhando essa tarefa, mas é que a televisão, num dado momento, quase que
soterrou o rádio. O Ary continua um fiel radialista, não sei as razões, mas,
nós, ambos, não nos deixamos seduzir ou não fomos seduzidos pela televisão,
embora seja um corolário natural da vida profissional de cada um, provindos do
rádio, ao natural, irmos para a televisão. Mas, ainda, somos fiéis a nossa
origem. Se digo isso é porque, até há bem pouco, nomes exponenciais da
cidadania desta Cidade e deste Estado não tinham tido ainda o reconhecimento
pelo trabalho que desenvolveram em prol da comunicação social e do alevantamento
cultural, social e até político da sociedade, através de nosso meio de
expressão, que era o rádio. Felizmente, hoje, estamos ingressando num novo
patamar de rememorarmos e, especialmente de recordarmos e reconhecermos,
aqueles nomes que fazem parte da história deste Estado. Ainda, há muito o que
escrever e o que se pesquisar sobre o papel do rádio e dos radialistas nesse
processo. Ele ainda é muito recente, mas já se pode afirmar que grande parte
dos radialistas, dos homens de comunicação desta Cidade, deste Estado não ficam
restritos apenas aos seus veículos de comunicação. Eles extrapolam a sua
condição de comunicadores. E quase que como uma necessidade eles ingressam em
outros tipos de atividades, especialmente na atividade social. É o caso do Ary,
lembro do Lions, preocupado com a situação social das pessoas que o rodeiam,
das Entidades que fazem parte. Outros ingressam na política. Fizemos há pouco
tempo, aqui, a homenagem ao Cândido Norberto. Existe até um certo
desvirtuamento dos Partidos políticos na atualidade ao procurarem enganar nomes
populares da comunicação para angariar simpatia popular, traduzida em votos,
baseado, justamente, neste trabalho que é feito diuturnamente pelos
comunidadores e pelos radialistas. Por isto eu dizia que fica difícil e fácil.
Difícil conceituar a vida de Ary Rêgo neste contexto, relativamente fácil se
deixar as rédeas da imaginação correrem libertas, porque foram muito os anos de
convívio. Convívio agradável, convívio fecundo. E é esta memória que a Cidade
pretende resgatar. Nós ainda temos muitos nomes para serem objetos da nossa
homenagem e ela se revela particularmente mais importante quando ela é lembrada
por alguém que não pertenceu ao meio. Isto redobra a sua importância. Por isto,
Ary, a Cidade, a Câmara Municipal se engrandece, hoje, ao te receber como mais
um concidadão desta Cidade. Um título que fizeste tudo por merecer e que nós,
como representantes populares, temos a obrigação de dar-te, não como um
presente qualquer, mas como um reconhecimento da Cidade, ao trabalho que tu
aqui desenvolveste ao longo da maior parte da tua vida. Que o título de Cidadão
Emérito a Ary Rêgo seja o corolário desses serviços sociais altamente
relevantes a nossa Cidade e ao nosso Estado. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa convida todos os
presentes, para que, de pé, assistamos à entrega do título honorífico de
Cidadão Emérito ao nosso homenageado, que será feita pelo proponente desta
Sessão, Ver. Hermes Dutra.
(O Ver. Hermes Dutra entrega o título honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Ary Zenobini Rêgo.) (Palmas.)
Neste momento, falará o nosso homenageado, já Cidadão Emérito de Porto
Alegre. Com a palavra o Homenageado, Sr. Ary Rêgo.
O SR. ARY RÊGO: Exmas. Autoridades
presentes, Ilma. Ver.ª Teresinha Irigaray, Presidente desta Sessão, demais
integrantes da Casa, que já se manifestaram anteriormente, senhores, senhoras e
jovens, cuja presença nos enternece neste momento e abriga nossas melhores
esperanças no futuro.
Há algum tempo fui cientificado do propósito do Vereador Hermes Dutra:
Submeter aos seus pares a intenção de me conferir o Título que hoje me é
concedido. Ao sabê-lo, minha reação ficou entre a grande surpresa e a dúvida do
merecimento. Pouco mais tarde, homologada que foi a proposição, aqueles
sentimentos se transformaram em extraordinária satisfação.
Nascido na cidade de Rio Grande e após viver vários anos da minha
adolescência e mocidade em Pelotas, já em companhia de minha esposa e da mais
velha dos meus quatro filhos, transferi-me para esta Capital, em 1947.
No decorrer destes quarenta anos, minha afeição e admiração por esta
querida Porto Alegre cresceram cada vez mais, a ponto de poder dizer-lhes que é
do meu mais sincero desejo daqui jamais me afastar.
Desta forma é facil compreender o quanto já me seria lisongeiro ser
considerado simplesmente um anônimo cidadão desta comunidade onde fui tão
generosamente recebido e onde eu e minha companheira vimos nascer mais três
filhos e sete netos.
Contudo - e para meu maior júbilo - agora me proporcionam uma distinção
verdadeiramente privilegiada e honrosa com a concessão deste título de Cidadão
Emérito.
A origem desta homenagem, é obvio, está claramente ligada à minha
atividade profissional como radialista, num total de 28 anos de exercício.
Na verdade, esta foi uma tarefa que não cumpri sozinho! Muito pelo
contrário! Olhando a longa estrada que ficou para traz, neste momento de emoção
difícil de conter, eu tenho bem presente e na devida gratidão o apoio e amizade
que pude desfrutar neste tempo decorrido.
Muitos e muitos dos que constituem essa longa relação de prestimosos
companheiros e dedicados amigos, ainda estão por aqui, graças a Deus. Eles são
tantos! E como eu gostaria de citar a todos, nominalmente, fazendo-os
partícipes desta homenagem... Mas isso seria impossivel. Para orgulho meu, tal
relação seria extensa demais para o momento. Contudo, num retrospecto de
saudade eu posso simbolizar o meu intento. E o farei lembrando alguns daqueles
que já são ausentes, mas sempre tão presentes em nossos corações. Da minha
primeira emissôra, a Rádio Pelotense, dentre outros me vêm à memória os colegas
e amigos Oliveira, Manoel Luiz, Walmúreo e Miguel Rocha. Na passagem pela
Difusora tive a alegria de conviver com Aureo Caldas, Francisco Araujo, Nelson
Silva, Mario de Lima Hornes, Lilia Maria e Érico Cramer. Da Farroupilha e da
Gaúcha trago a vocês a lembrança dos nomes de Salvador Campanella, Roberto
Eggers, Walter Ferreira, Dinarte Armando, Hamilton Fernandes, Franklin Peres,
Ilsa Silveira, Francisco Lopes, Maria Eduarda, Adriana Marçal Pessoa, Ivan
Castro, Italiano Morganti, Ivan Castro e Mauricio Sobrinho.
Do “Clube do Guri” - o programa que me envolveu profissional e
sentimentalmente por quase vinte anos - dois nomes que se tornaram alma e vida
do que foi uma grata afirmação do meu trabalho - o emérito pianista e
incondicional amigo “Prof. Ruy Silva e a nossa inesquecível Elis Regina.
Sim, meu amigo e colega, Nelson Cardoso: A imagem e o título que tu
criaste estão cada vez mais justificados: “Há uma Emissôra no Céu” e permite-me
completar, dizendo que um dia, fatalmente, todos nós reunidos, haverá um
encontro diante de um microfone e, ao som dos antigos acordes dos nossos
rádio-teatros e novelas, a mesma emoção de antigamente varrem aos nossos
corações.
Ao final desta manifestação muito me apraz reconhecer e agradecer o
estímulo constante de minha esposa e meus filhos. Não só por suportarem a minha
ausência a cada domingo, mês a mês, ano a ano, durante tanto tempo, frustrando
as suas mais justas aspirações do laser comum a cada lar - e o nosso foi
efetivamente um lar - como pela contribuição que me proporcionaram, não raro
participando ativa e eficientemente dos meus projetos de trabalho.
Aos ex-meninos do “Clube Do Guri”, a preciosa e imprescindível matéria
prima que tive em minhas mãos, aos seus pais que os acompanhavam pacientemente,
anos a fio, o meu reconhecimento e gratidão.
Com todos os que referi e, mais, com as famílias Neugebauer e
Albertini, pelo prestígio do apôio incondicional e contínuo; com os meus
colegas de bancos escolares, colegas de profissão passada e presente; com os
companheiros do meu Clube Social - o Lindóia e Companheiro do Movimento
Leonístico; com todos os amigos e familiares dos mais diferentes graus que aqui
se encontram nesta tarde, vários deles vindos de outras cidades e estados no
empenho de participar comigo das emoções desta solenidade. Com todos,
irmamente, eu divido as horas desta homenagem.
E nós todos Senhores Vereadores, sentimo-nos imensamente gratos por haverem
confirmado a vontade bondosa de seu colega, proporcionando-nos tão honrosa
distinção.
Meu caríssimo vereador Hermes Dutra, nós todos, juntos lhe dizemos
muito obrigado! (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa comunica ao nosso
homenageado que recebeu telegramas do Sr. Homero Fidalma e Família, do Sr.
Jayme Sirotsky e família, Presidente da Rede Brasil Sul, do Secretário da
Indústria e Comércio do Rio Grande do Sul; da Chefia do Gabinete do Governador
Pedro Simon.
Sr. homenageado, sua ilustre esposa; Srs. componentes da Mesa, meu
prezadíssimo colega André Forster, demais autoridades, meus colegas Vereadores,
Srs. assistentes, convidados do nosso querido homenageado. Eu sempre, nas
Sessões que presido, digo e repito que a vida é um reencontro e me sinto
sumamente gratificada, Ary Rêgo, de estar neste momento aqui presidindo esta
Sessão Solene que te outorga este título que em tão boa hora foi proposta pelo
Ver. Hermes Dutra. Tu estás dentro do painel de minhas lembranças, de minha
infância de menina muito pobre que não tinha condições sociais de ir a lugares
e sempre tinha muita vontade de ir ao alto da Rua Duque de Caxias, na velha
Rádio Farroupilha, para assistir o programa “Clube do Guri”. Fui algumas vezes
e lá conheci determinadas pessoas, as quais trago-as em minha lembrança, como
também trago esses momentos bons, pobres, marcantes e inesquecíveis de uma
trajetória onde fui alcançando determinados degraus que me trouxeram, agora, à
posição de receber cordialmente e abraçar aquelas pessoas que, ao longo de
minha vida, proporcionaram-me coisas boas, emocionantes, positivas e
duradouras. Asseguro-te a ti e a tua esposa, a todos que me ouvem que esse é um
momento de emoção para mim, pois sou uma pessoa que veio de algo muito baixo e
que conquistou um lugar para poder homenagear alguém que também abriu seu
caminho dentro da Cidade de Porto Alegre.
Em nome desta Presidência, em nome de todos Vereadores, afirmamos que
hoje Porto Alegre está muito orgulhosa em proporcionar um título a quem
realmente merece. Em boa hora andou o Ver. Hermes Dutra; belas palavras do Ver.
Lauro Hagemann, meu companheiro de tantas campanhas, de árduas e decisivas
campanhas. Em boa hora esta Casa, por unânimidade, resolveu te agraciar com
esse título, porque, além de seres o grande comunicador do passado, além de
teres alegrado os domingos de Porto Alegre com o teu “Clube do Guri”, apesar da
tua ausência em teu lar, tu deste alegria e felicidade a inúmeros, a centenas,
de lares porto-alegrense. Sou muito feliz, neste momento, em poder te dar o meu
abraço como Presidente, em Exercício, da Câmara Municipal de Porto Alegre. Ao
novo cidadão de Porto Alegre, felicidades. Que sejas muito feliz. Porto Alegre
ainda precisa muito de ti. (Palmas.)
Nada mais havendo a tratar, estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 17h15min.)
* * * * *